Dia dos namorados
Dois reai
s e oitenta e sete centavos, isso era tudo que ela tinha. Dinheiro que foi economizado das compras de cada mês, por não ter uma ótima condição de vida, salvava todo o centavo possível. Com o dinheiro em mãos, Bella o contava novamente, não tinha erro, eram dois reais e oitenta e sete centavos.O dia seguinte seria dia dos namorados e ela não havia comprado nada. Triste e angustiada com a situação, Bella se sentou no canto de seu quarto e chorou como nunca havia chorado antes. Morava junto de seu marido James em um apartamento que possuía apenas um quarto, uma cozinha e um banheiro. James tinha um trabalho, porém não recebia muito bem. Bella que estava desempregada procurava trabalho, mas era difícil encontrar um. Ainda chorando, enquanto abraçava um travesseiro, lembrava dos bons momentos junto dele, mesmo que tudo estivesse dando errado, bastava apenas um sorriso ou um abraço dele para deixá-la feliz e animada novamente. Lentamente recobrava as forças e se levantava para lavar o rosto, porém ainda pensativa.Queria dar a James algo muito especial, algo simbólico que se demonstrasse diferente. Após lavar o rosto, ainda em frente a pia, olhava para um móvel próximo e via o relógio de ouro de James, herdado de gerações. Logo em seguida se olhava no espelho e alisava seus longos cabelos castanhos. Respirou fundo, vestiu seu velho casaco marrom e saiu em busca de um cabeleireiro. Em questão de minutos já estava na rua, caminhando apressada. Parou em frente a uma porta onde estava escrito “Madame Eloise – cabeleireiros”, sem pensar duas vezes entrou. Depois de duas horas ela saia do salão, estava diferente, seu cabelo agora estava curto e tinha em mãos sessenta e dois reais e oitenta e sete centavos. Alegremente, ela olhava as lojas, procurando um presente para seu marido. Não demorou muito e ela achou, uma corrente de ouro para o relógio de bolso dele. Ele amava aquele relógio e com aquela corrente poderia sempre andar com ele. Bella sabia que aquele era o presente perfeito, então entrou na joalheria e a comprou. Com um belo sorriso estampado no rosto, Bella voltou para casa. Às 19:00 horas terminou de preparar o jantar, logo James iria chegar em casa. Ansiosa se olhou no espelho, suspirou e falou consigo mesma: - O que ele vai falar quando me ver assim? Logo em seguida a porta se abriu, era James.Com o coração acelerado, Bella o olhou fixamente. James, ao virar o rosto e observar sua amada ficou sem reação.Os dois ficaram em silêncio.Um silêncio que no fundo feria Bella. - Você cortou o cabelo... Por quê? Ele perguntou olhando-a nos olhos. Eu cortei para vendê-lo – ela respondeu com a voz trêmula e com os olhos já marejados de lágrimas. Eu queria muito ganhar dinheiro para lhe comprar um bom presente, por isso o vendi. Mas, você não irá me amar mais? James em passos lentos, porém firmes se aproximou de Bella e a abraçou apertado, com muito carinho. Amavelmente, ele sussurrou no ouvido dela: - Eu te amo Bella. Não importa se seu cabelo é curto ou longo, nada irá mudar o fato de que eu te amo. Agora abra o presente que te comprei, você irá entender porque fiquei infeliz no primeiro momento. Bella se soltou dos braços de James lentamente, em seguida pegou das mãos dele o presente. O abriu. Eram presilhas para seu lindo cabelo. Quando as viu pela primeira vez em uma loja ficará fascinada e encantada com elas, porém eram muito caras e acabou por não comprá-las, mas agora elas eram suas. Emocionada ela deixou algumas lágrimas escorrerem por sua face. Então, rapidamente Bella pegou o presente que tinha para ele e o entregou. Após abri-lo, James ficou mais surpreso.Sorriu levemente e disse: - Realmente é uma corrente bem trabalhada, é maravilhosa, mas para comprar seu presente eu vendi meu relógio. A moça ficava perplexa, entristecida ela movia os lábios para dizer algo, mas James não deu tempo para ela falar, concluindo sua frase antes. - Não se preocupe, o melhor presente que poderia pedir eu já tenho, você Bella. Os dois jovens apaixonados se abraçaram uma vez mais.
Autor: O. Henry
(Adaptado da por Laís Maia e Deborah Maldonado)
O Mistério de Irmã Vap, de Charles Ludlam, é uma comédia que esteve novamente em cartaz em São Paulo. Marilia Pêra deu um toque especial nessa segunda montagem da peça, já dirigida por ela na 1º montagem, com Marco Nanini e Ney Latorraca, entre 1986 a 1997. Desta vez com os atores Cássio Scapin e Marcelo Médici interpretando oito personagens muito peculiares. Lady Enid (Medice) e Lorde Edgar (Scapin) lutam para se acostumar com seu novo castelo nos confins da Inglaterra, e ainda por cima Lady Enid precisa se adaptar com uma governanta muito estranha. Para seu desencanto, o castelo é mal assombrado pelo filho do primeiro casamento do Lorde Edgar, que foi morto por um lobisomem. O aristocrata se volta contra ela. Para recuperar o amor de seu marido, Lady Enid usa das peripécias mais hilariantes. A peça é muito engraçada, além disso, os cenários são trocados várias vezes, sendo um melhor que o outro. Uma trama muito bem elaborada, que testa a habilidade dos atores, que se trocam em segundos e se entregam a improvisos em nome da diversão. A peça esteve em cartaz em São Paulo, e torcemos para que volte em nova temporada.
